Santa Missa e Adoração Eucarística
A fé restaura a nossa verdadeira relação com Deus, sendo a Palavra de Deus que a alimenta, concedendo-nos cada vez mais profundamente a luz da verdade e repetidamente nos indicando o caminho. Ao perdoar os nossos pecados, Deus abre de par em par as portas do Seu coração e permite-nos experimentar a Sua misericórdia indescritível. Ao experimentarmos o amor de Deus através dos sacramentos do Batismo e da Penitência, a nossa alma começa a sarar as consequências de nos termos afastado Dele.
Já não vive mergulhada nas trevas e, apesar de todas as lutas que ainda têm de enfrentar, encontrou o caminho para se tornar receptiva à graça de Deus, acolhendo assim a sua bondade curativa. Esta nova vida que começou é realmente diferente, uma vida que devolve ao ser humano a sua beleza e dignidade originais.
Neste caminho, Deus oferece-nos inúmeras ajudas. Entre elas, destaca-se particularmente a Santa Missa com a recepção da Sagrada Comunhão. É o próprio Deus que se oferece de forma misteriosa, alimentando espiritualmente o homem com o seu Corpo e o seu Sangue!
Assim, vemos que o Senhor não se limita a dar conselhos sábios para que a nossa alma possa curar-se. Ele entrega-se a si mesmo e une-se a nós precisamente onde estamos mais distantes Dele, reparando assim a perda da intimidade e da união com Deus. Na Sagrada Comunhão, Jesus oferece-se a nós com a sua natureza divina e humana, penetrando todo o nosso ser ferido.
A Santa Comunhão é o nosso alimento celestial e um remédio para a nossa alma doente. A alma é elevada interiormente e encaminhada para o seu verdadeiro destino, ao mesmo tempo que adquire a capacidade de o alcançar. A perda da relação direta com Deus, com todas as suas consequências negativas, afastou-a d’Ele e, portanto, também de si própria. Agora, a unificação com o Senhor, que Ele oferece sacramentalmente a todos os que se encontram em estado de graça, devolve à alma a sua identidade: torna-se morada do Deus vivo. O Senhor estabelece a sua tenda e habita nela!
Na adoração eucarística, a recepção da sagrada comunhão prolonga-se de forma especial. Ao adorar o Santíssimo Sacramento do Altar, presente nos tabernáculos das nossas igrejas ou exposto na custódia, prolonga-se a união com o Senhor que se estabelece na Sagrada Comunhão. A alma ora a Deus e, assim, aprofunda cada vez mais a sua vocação transcendental já na vida terrena. De fato, na eternidade, não faremos outra coisa senão adorar Deus com os anjos e os santos.
O processo de cura produzido pela comunhão e pela adoração eucarística conduz a uma transformação constante da pessoa. Desperta nela uma atitude mais contemplativa, de escuta e receptividade, que por sua vez iluminará e frutificará as suas ações. As ações deixam de ser impulsionadas pelas paixões da natureza humana, que muitas vezes falham e estão marcadas pelas consequências do pecado original, para serem guiadas pelo Espírito Santo. Aprenderemos a ouvi-lo cada vez mais e, precisamente ao adotarmos esta atitude contemplativa, compreendê-lo-emos com crescente facilidade.
Assim, a alma vai compreendendo cada vez melhor o seu caminho, também a partir de dentro.
A sua desorientação dissipa-se progressivamente e a alma entra mais facilmente em contato com Deus, buscando a sua proximidade. Vai perdendo o gosto prejudicial pelo mundo e pelas dispersões que lhe roubam forças. A vida de oração se torna mais profunda, de modo que a alma está mais disposta a continuar se curando, pois no diálogo constante com Deus, que é a oração, a alma se familiariza com Ele e volta a encontrar nEle o seu deleite. Então, terá sido dado um passo decisivo no processo de cura da pessoa, cujo fim é precisamente conduzi-la de volta a Deus.