Novena de Pentecostes | Dia 3: “Fonte do maior consolo”

“Consolo que acalma, hóspede da alma, doce alívio, vinde! No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem.” 

 O Espírito Santo é o consolador que o Senhor nos deu. O Apóstolo Paulo nos diz: “Ele nos consola em todas as nossas tribulações, para que possamos consolar os que estão aflitos, oferecendo-lhes a consolação que nós mesmos recebemos de Deus”. (2Cor 1,4). 

Esse conforto que recebemos de Deus e que somos chamados a oferecer aos aflitos pode se estender a muitas áreas: conforto nas necessidades materiais, quando o Espírito nos move a compartilhar com os outros; conforto na aflição da alma, quando o Espírito nos ajuda a ajudar os outros em suas dificuldades, lembrando-os de que Deus está com eles e nunca os abandona; conforto em meio ao sofrimento humano, para testemunhar que, mesmo em meio à dor, Deus está presente. 

Mas é importante que primeiro experimentemos o conforto do Espírito Santo em nossa própria vida e que percebamos como Ele sempre nos convida a olhar para Deus, pois facilmente nos esquecemos de Sua presença reconfortante em meio às preocupações da vida cotidiana, quando nos sentimos sobrecarregados com o peso das necessidades materiais e espirituais. 

Mas se nos lembrarmos do Espírito Santo, que nunca deixa de iluminar nossos corações com sua luz cálida e de encantar nossos sentidos, então perceberemos que não há situação que exclua sua presença.  

É significativo que a Sequência de Pentecostes se refira ao Espírito Santo como “hóspede da alma”. Em muitas culturas, a hospitalidade é muito importante. O hóspede geralmente recebe muita atenção, ouve atentamente, quer receber o melhor e não quer ofender de forma alguma. São exatamente essas atitudes de hospitalidade que precisamos para receber um hóspede tão ilustre, que é o Espírito Santo. Ele é o mais importante e sua presença é a maior alegria. 

É por isso que é bom invocá-lo repetidamente, dialogar com ele, conhecê-lo como o verdadeiro amigo da alma e sentir sua influência dentro de nós. Especialmente quando nos encontramos em meio à agitação do mundo e também sentimos a inquietação dentro de nós, precisamos de recolhimento. Ao invocarmos conscientemente o Espírito Santo, ao pedirmos Sua ajuda, podemos pôr um fim à agitação do mundo e evitar sermos levados pelas muitas distrações que ele nos oferece ou pela inquietação que podemos sentir dentro de nós. É Ele quem nos mostra situações concretas sob a perspectiva de Deus e restaura a paz interior. 

Isso também se aplica a situações em que nos esquentamos, quando sentimos nosso “sangue ferver”, quando nos inflamamos de forma negativa. O Espírito refresca nossos sentidos como uma “brisa nas horas de fogo”, para que possamos avaliar com calma e lidar com a situação adequadamente. Sabemos que, para discernir corretamente, precisamos fazer isso com a “cabeça fria”. 

Às vezes, talvez tenhamos de invocar o Espírito Santo por um longo tempo, para que a névoa que envolve nosso coração seja dissipada e sua luz volte a brilhar sobre nós. Isso é especialmente verdadeiro quando ainda temos feridas internas que não foram curadas. Essas feridas podem nos influenciar de tal forma que, quando estamos em situações críticas que uma pessoa saudável poderia superar com relativa facilidade, elas se derramam sobre nós como uma tempestade emocional de sentimentos não resolvidos. Para curar as feridas é necessário um médico da alma: o Espírito Santo vem em nosso auxílio e é capaz de acalmar os sentimentos perturbados. E mais: Ele pode tocá-los em sua raiz mais profunda, no ponto em que se originam, iniciando assim um processo de cura. 

De fato, o sofrimento e a morte não são vivenciados apenas no plano físico, mas também no nível da alma. Os sofrimentos que causam mais aflição aos homens e que podem até esmagá-los são justamente aqueles que muitas vezes não são reconhecidos nem notados. O Espírito Santo, como amigo íntimo da alma, quer aliviar essa aflição interior e se oferece como um Espírito que dá vida. Há sempre o perigo de as pessoas se fecharem emocionalmente em sua solidão e experimentarem algo semelhante a uma morte interior. O consolador quer remediar esse sofrimento. Quando nós mesmos conseguimos superar um problema Nele e com Ele, também somos chamados a confortar os outros com o mesmo consolo que recebemos. 

Supliquemos sempre ao Espírito Santo que ilumine as almas, para que elas possam chegar às fontes da salvação e receber a redenção e a cura nelas. 

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