Novena de Pentecostes | Dia 4: “Vem, luz bendita”

“Enchei, luz bendita, chama que crepita, o íntimo de nós!  

Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele.  

Ao sujo lavai, ao seco regai, curai o doente.  

Dobrai o que é duro, guiai no escuro, o frio aquecei”. 

O Espírito de Deus penetra profundamente em nossas almas, ou seja, ele quer chegar ao centro de nosso ser e ali habitar, juntamente com o Pai e o Filho que habitam em nós, de acordo com as palavras de Jesus (cf. Jo 14,23). Uma vez estabelecido em nosso coração, o Espírito de Deus será capaz de nos moldar à imagem de Deus, desde que permitamos que ele o faça. Essa é a grande obra do Espírito Santo, uma vez que Ele tenha levado o homem à conversão e o tenha trazido de volta à obediência amorosa a Deus. 

Deus nos criou à sua imagem e semelhança e nos deu uma alma imortal. Infelizmente, esse tesouro foi profundamente distorcido pelo pecado original e suas consequências, de modo que a beleza original da alma às vezes mal pode ser vislumbrada. 

O pecado continuou seu trabalho destrutivo, interpondo-se entre Deus e a alma como um obstáculo intransponível. As leis e os mandamentos da Antiga Aliança mostravam ao homem como ele deveria viver e o faziam ver as consequências do pecado, mas não lhe davam força para cumprir toda a Lei. 

Porém, com a graça do perdão dos pecados que Jesus obteve para nós por meio de sua paixão, morte e ressurreição e que nos é dada no batismo, podemos começar uma nova vida. Dessa forma, o que havíamos perdido nos é restaurado; o que havia sido perturbado em nós é colocado em ordem… Além disso, com a vinda do Senhor ao mundo, é oferecida à humanidade uma graça tão grande que ultrapassa em muito o que Deus havia dado à humanidade na Antiga Aliança. 

A presença do Espírito Santo e sua influência sobre nós faz com que a nova vida que recebemos em nosso batismo cresça e amadureça. Se seguirmos a orientação do Espírito, receberemos uma nova beleza. Não é a beleza da inocência original no Paraíso, mas a beleza de uma alma redimida que está revestida de Cristo. Para que isso aconteça, o Espírito Santo inicia Sua obra de santificação na alma. Como Ele é o amor entre o Pai e o Filho, Ele infunde esse mesmo amor em nossa alma. Dessa forma, ocorre um contato muito profundo entre a alma humana e o hospedeiro divino, que ilumina as profundezas do coração. 

Nesse encontro de amor, a alma também percebe onde ainda não corresponde a esse grande amor; e começa a seguir essa luz. 

Nesse processo, a alma reconhece as enormes manchas infligidas a ela pelo pecado e se vale dos meios que Deus oferece para se purificar. Isso é expresso na Sequência de Pentecostes quando ela invoca o Espírito Santo para “lavar as manchas”. 

Como o pecado e as feridas que resultam dele são violações do amor e da verdade, é o Espírito Santo que pode curá-los, sendo amor e verdade. Ele “sopra o calor da vida” em tudo o que secou na alma por falta de amor e verdade. 

Como resultado do pecado, nosso coração pode se tornar frio e duro, pode se fechar para os outros, especialmente quando se trata dos pecados do orgulho e da presunção. Mas o Espírito Santo se encarrega do árduo trabalho de nos tirar do orgulho e de todas as atitudes associadas a ele, pois o orgulho faz com que o homem gire apenas em torno de si mesmo e o fecha para a obra do Espírito. 

Quando uma pessoa se perde, ela cai na miséria em um nível pessoal e, ao mesmo tempo, influencia negativamente a vida de outras pessoas. É por isso que o Espírito Santo conduz o pecador à Cruz de Cristo, para que ele possa encontrar perdão e misericórdia nela. Além disso, quando nos comprometemos a seguir o Senhor, Ele nos conduz repetidamente à cruz, sempre que falhamos, apesar de nossos esforços sinceros. 

Ouvir o Espírito Santo é um guia seguro no caminho, se aceitarmos humildemente Sua orientação. Assim como Ele quer guiar toda a Igreja, também quer fazê-lo em cada vida pessoal. Portanto, a chave para um seguimento frutífero de Cristo é ouvir o Espírito Santo e ter intimidade com Ele. 

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