A donzela de Orléans | Parte 5: Santa Joana D’Arc e a ameaça anticristã

Uma de nossas grandes intenções é que a figura e a missão de Santa Joana d’Arc sejam corretamente compreendidas, para que Deus, que a chamou, receba o louvor que lhe é devido, e que ela, que cooperou em seu plano de salvação, seja honrada como merece. Joana D’Arc é uma grande dádiva do Senhor e, certamente, uma das criaturas mais encantadoras que saíram das mãos de Deus. 

Joana recebeu o título honorífico de “a donzela” ou “a Virgem de Orleans”. De fato, em vários aspectos, ela se assemelha à Virgem Maria, a quem amava ternamente. Lembremos, por exemplo, que ambas as virgens foram visitadas em tenra idade por um arcanjo, que lhes transmitiu o caráter singular de sua missão. Para a Santíssima Virgem, foi o Arcanjo Gabriel que anunciou que ela conceberia e daria à luz o Salvador do mundo. Para Santa Joana D’Arc, por outro lado, foi São Miguel Arcanjo que a preparou para sua missão de libertar a França do jugo da ocupação inglesa e trazer o rei legítimo para a coroação. 

Se quisermos entender a importante missão de Joana em nosso tempo, temos que dar uma olhada na situação atual do mundo. Se nossos olhos interiores tiverem sido abertos pela fé, dificilmente teremos deixado de perceber que um espírito anticristão está se manifestando maciçamente em nível global e particularmente em certos estados, especialmente em nível político. Ele se espalhou especialmente no chamado “mundo livre” e está se infiltrando com intensidade crescente na legislação. 

Parece que as pessoas estão sendo cada vez mais pressionadas por governos e grandes organizações que adotaram uma direção hostil à vida. 

Com os olhos da fé, devemos nos conscientizar de que muitos governos já estão sob o domínio de Satanás, que deseja estabelecer um reino global anticristão. Ao mesmo tempo, estamos testemunhando como esse espírito anticristão está se infiltrando até mesmo na Santa Igreja, buscando demolir o bastião que costumava oferecer resistência à tomada do poder por um anticristo ou até mesmo pelo último anticristo que se manifestará no final dos tempos. 

Hoje, não podemos entrar em uma batalha com um exército físico para nos defendermos de um inimigo que ameaça nossa terra natal, como fez Joana D’Arc. O inimigo de hoje ameaça a vida das pessoas em nível global. E, como São Paulo nos deixa claro, “nossa luta não é contra o sangue ou a carne, mas contra os principados (…) e os espíritos malignos” (Ef 6,12).  

O espírito anticristão – podemos chamá-lo de “Lúcifer” – se rebela contra Deus e quer assumir o poder sobre os homens por meio de um anticristo; um poder cujas artimanhas e injustiças provavelmente superarão tudo o que já tivemos de experimentar ao longo da história da humanidade. 

A fim de instalar o “homem mau”, o “filho da perdição” (2Ts 2,3) no poder, Lúcifer usará as más inclinações e a cegueira dos homens para executar seus planos sombrios por meio deles. Eles não perceberão a desgraça, ou a perceberão tarde demais, quando o que está descrito nas Escrituras Sagradas já estiver cumprido: “A vinda do iníquo será marcada pela influência de Satanás, com todos os tipos de milagres, sinais, maravilhas de engano e todos os tipos de maldade, que seduzirão aqueles que serão condenados por não terem aceitado o amor da verdade que os teria salvado” (2Ts 2,9-10). 

Nesse contexto, vejamos as duas virgens mencionadas acima. Quanto à Virgem Maria, sabemos que ela esmagará a cabeça da serpente (cf. Gn 3,15) e que certamente ajudará os fiéis de maneira especial durante os tempos apocalípticos do domínio universal do Anticristo. O capítulo 12 do Apocalipse nos faz refletir sobre o fato de que a Igreja será levada por um tempo para o deserto, onde se refugiará quando o “dragão” fizer guerra contra “o resto de sua descendência, aqueles que guardam os mandamentos de Deus e mantêm o testemunho de Jesus” (Ap 12,17).  

A Dama de Orleans certamente não ficará de braços cruzados quando um “falso rei” tentar ganhar o poder mundial; mas, a pedido do Senhor, ela lutará ao lado dos fiéis juntamente com os santos anjos, pois, como já dissemos, a missão dos santos não termina quando eles chegam ao céu. Ela tentará frustrar todas as pretensões desse “falso rei” (o Anticristo) de obter controle sobre os fiéis. 

Se não apenas a França, mas toda a humanidade corre o risco de ser submetida ao domínio de um usurpador, que também blasfema contra Deus, Santa Joana não descansará até que um exército seja formado para oferecer sua resistência espiritual, no meio do qual ela mesma lutará. 

É o “exército do Cordeiro”, que ela ajudará e instruirá. Assim como em sua época Joana fortaleceu seus soldados para que não desanimassem mesmo diante da aparente superioridade do inimigo, a Dama de Orleans fortalecerá todos os fiéis nesse combate espiritual, incentivando-os a confiar em Deus.  

Amanhã, na terceira reflexão pós-áudio, falaremos sobre o “exército do Cordeiro” e como nós mesmos podemos ocupar nosso lugar nele. 

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